Gerenciamento de riscos no transporte de cargas é fundamental para manter qualquer empresa de portas abertas, já que sua ineficiência multiplica ações judiciais, reclamações de clientes, apreensões de mercadorias e perda de receita, inviabilizando o negócio completamente. Se você é gerente logístico, sabe bem a pressão de comandar uma equipe de logística, contratar transportadoras, negociar tabelas de fretes, monitorar carga e ainda prestar contas dos resultados à diretoria logística/comercial/financeira.
A pressão é imensa, mas muitos obstáculos do cotidiano poderiam ser eliminados com boa gestão de riscos no transporte de carga. Você tem que fazer o follow-up ligando constantemente para as transportadoras? Desconfia que sua contratada está em iminente falência? Tem dificuldade em ser abastecido de documentações básicas para fechar balanços (como notas fiscais, CTes e manifesto)? Talvez seu problema esteja na falta de uma gestão de riscos eficiente. Entenda agora como mudar esse cenário!
O que é gerenciamento de riscos no transporte de cargas?
Gestão de riscos no transporte de cargas é o procedimento de planejar/organizar/controlar inúmeros fatores na movimentação de mercadorias, no intuito de minimizar as incertezas das operações. Uma gestão eficiente refere-se à identificação, análise e ações para neutralizar riscos.
No caso do gerenciamento de transportadoras terceirizadas, é preciso conhecer profundamente todas as falhas potenciais na destinação de seus produtos aos clientes. Vamos conhecer alguns desses riscos.
Quais são os principais riscos no transporte de cargas?
Risco de atrasos
O Brasil tem hoje 529 mil transportadores regularizados. São muitas opções, mas poucas com expertise suficiente para não comprometer seu negócio. A título de curiosidade, uma pesquisa feita em 2015 pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostrou que 61% das empresas de e-commerce têm como principais problemas os frequentes atrasos na entrega.
Embora não haja pesquisa especializada sobre o tema, basta ter alguma experiência na gestão de riscos no transporte de cargas para constatar que os casos de atrasos na entrega de produtos são constantes. O problema é que uma eficiente operação logística de transporte envolve muito mais do que ter caminhões.
É preciso investimentos em sistemas de roteirização inteligente, rastreamento em tempo real e soluções eletrônicas para cruzar tipos de carga/capacidade dos veículos/rotas. Essas ferramentas aumentam a eficiência nas entregas e possibilitam o oferecimento de diversos recursos aos clientes (logística reversa, entrega personalizada, Click & Collect, etc.).
A consequência de manter-se com uma transportadora de pouca tecnologia e alto índice de atrasos é amarga: o Código de Defesa do Consumidor determina que as falhas na prestação do serviço devem ser indenizadas (e, conforme jurisprudência do STJ, o CDC se aplica nas relações entre empresas). Isso aumenta o risco de sua empresa responder em juízo pelo erro da transportadora contratada. Em alguns casos, essa indenização é suficientemente devastadora para baixar as portas da empresa em definitivo.
Em alguns casos, além da indenização por danos materiais, cabe até ressarcimento por dano moral. Mas nada se compara à mácula na imagem da empresa, que costuma ser irreversível. Saber avaliar performance é fazer gestão de riscos eficiente.
Risco de roubo de carga
Somente no Rio de Janeiro, os casos de roubo de cargas aumentaram impressionantes 240% entre 2006 e 2016. Em 2015, os prejuízos com roubos de carga no país ultrapassaram R$ 1,2 bilhão. Curiosamente, dados da consultoria FreightWatch International mostram que 55% das cargas roubadas no país não são recuperadas.
Agora pense no risco que sua empresa corre quando contrata uma transportadora de idoneidade questionável que, mesmo com a cobrança de taxas de seguro embutidas no valor do frete (como Gerenciamento de Risco de Segurança–GRIS), oferece resistência no pagamento de indenizações em caso de roubos?
Risco de extravios/avarias/multas
Não adianta: se sua mercadoria for extraviada/chegar ao destino com avarias, sua empresa será culpada pelo cliente e você certamente vai perdê-lo para a concorrência. E se estivermos falando de um grande cliente, talvez um erro na contratação da transportadora pode custar balanços com resultados negativos, reestruturações forçadas e até demissões (a começar do próprio gerente logístico).
Outro risco na gestão das transportadoras são eventuais multas e interceptações do veículo pela Polícia Rodoviária Federal, devido à ausência da documentação exigida no transporte de cargas (como Documento Auxiliar do CTe–DACTE e Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico-DAMDFE). Averigue sempre o nível de expertise da transportadora na movimentação das cargas.
Risco de falência da transportadora
Um estudo feito em 2017 pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) revelou uma defasagem expressiva do valor do frete no Brasil (24,83% na carga lotação e 11,77% na carga fracionada), o que representa uma verdadeira sangria na saúde financeira das transportadoras brasileiras.
O problema é que, no ápice da crise econômica nacional, não há espaço para reajustes, fato que estimula muitas transportadoras a segurarem os prejuízos até onde podem. Mas em alguns casos, isso costuma resultar em falências, abandono da carga e muitos prejuízos aos gerentes logísticos das empresas-clientes. Como você pode assegurar que isso não está ocorrendo também com sua transportadora contratada? Você faz gestão de riscos orientada a essas questões?
Não bastasse a subavaliação do frete, as dificuldades na obtenção de crédito para compra de novos veículos e a queda na demanda pelos serviços de transporte intensificam ainda mais o caos operacional do setor. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 65,4% das transportadoras estão com caminhões parados no país.
Frota parada significa gastos com manutenção, prejuízos com depreciação, despesas com licenciamento e nenhuma receita em contrapartida. Esse cenário assustador pode anteceder uma verdadeira “quebradeira” nas transportadoras, reforçando a necessidade de incluir no gerenciamento de riscos no transporte de cargas a exigência de que as transportadoras promovam transparência em seus resultados financeiros.
Como fazer um gerenciamento de riscos eficiente?
Alguns passos elementares na formulação de uma boa estratégia de gestão de riscos:
Analise minuciosamente a situação financeira da empresa antes de contratá-la
Pesquise o nome da empresa em sites de defesa do consumidor (como Procon e Reclame Aqui), exija a entrega periódica de seu Serasa completo, avalie a reputação da transportadora junto aos seus concorrentes.
Busque empresas com alto nível de tecnologia em transporte de cargas
Assinatura digital para o motorista confirmar entregas, sistemas de rastreamento da carga em tempo real, rotograma falado, além de aplicações que fazem roteirização automática e definição via satélite de locais mais seguros para abastecimento/paradas para descanso: tudo isso ajuda a dar tranquilidade ao gestor logístico.
Verifique se a empresa possui códigos de conduta ética e instrumentos de compliance
Uma empresa que monitora seus processos permanentemente (por meio de auditorias internas e externas, bem como pela fiscalização do cumprimento de códigos de ética) sinaliza seu comprometimento com a legalidade de seus processos e a satisfação de seus clientes.
Dê preferência a transportadoras que disponibilizem profissionais exclusivos no acompanhamento de suas demandas
Algumas empresas possuem um profissional especializado em atender demandas de um cliente específico, gerenciando todo o processo de coleta e entrega. O fato de já possuir o histórico do cliente agiliza e personaliza o atendimento, gerando economia de tempo aos gerentes logísticos.
E em sua organização, como é feita a gestão de riscos no transporte de carga? O que falta à transportadora contratada para que seus serviços agreguem valor à logística de sua empresa? Deixe seu comentário abaixo!